“Vamos bater em todos os lados”, diz Gregório Duvivier.
Com 20 episódios de meia hora, a atração semanal funcionará no modelo de "Comedy news", com Gregório em uma bancada falando sobre as notícias mais relevantes da semana ou temas em evidência na atualidade
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‘Ninguém mais acredita hoje em dia que um jornal possa ser imparcial’. E o humor é parcial’, defende Gregorio Duvivier - |
— No “Greg news”, o espectador tem que ser tratado como um semelhante do apresentador. Ou seja: nem como um imbecil, nem como um expert. Assim como eu, ele está tentando entender a confusão que é esse nosso tempo, em que as pessoas estão perdidas — analisa Gregório. — Se você tem muita certeza, se você sabe exatamente onde está e tem todas as soluções, não adianta assistir ao programa.
Durante 30 minutos, toda sexta-feira, o ator escolhe um ou dois temas que podem ser ou não os assuntos palpitantes da semana.
— Tem a questão das drogas, que é assunto há meses, há décadas e que podemos abordar. Não vamos ficar escravos da semana, do urgente — observa.
Gregorio desenvolve seus pensamentos diante de uma pequena plateia com a qual ele não interage diretamente — ela funciona como mais como um “termômetro” do “Greg news”, não exatamente como uma claque típica dos shows humorísticos da TV. Como num bom espetáculo teatral, a reação do público orienta o encaminhamento da cena e a condução do texto — algo que ele pôde sentir bem na quarta-feira, quando foi gravado o programa de estreia, no qual os assuntos tratados foram as enrascadas da construtora Odebrecht e a polêmica da escola sem partido.
— A troca com o público foi muito boa, estamos sempre sujeitos a mudanças no programa enquanto ele acontece — conta Gregorio, que justamente por isso trabalha no “Greg news” junto com uma equipe de redatores formada por Renata Corrêa, Gustavo Suziki e Arnaldo Branco (que também o ajudam a manter a argumentação bem fundamentada em cima de fatos e de números).
O programa de Gregório Duvivier é uma produção conjunta de Roberto Ríos, Maria Angela de Jesus e Paula Belchior, da HBO Latin America Originals, e Tereza Gonzalez, do Porta dos Fundos (grupo ao qual o humorista pertence). O lançamento faz parte da estratégia do canal de ampliar os conteúdos originais em toda região e uma tentativa de adaptação do formato de “Last Week Tonight With John Oliver”, talk show de fim de noite da HBO americana, exibido desde 2014, em que o comediante inglês John Oliver usa e abusa do humor para explicar ao espectador as complexidades envolvidas em alguma questão política que tenha ocupado o debate durante a semana. Gregório admite a semelhança com o projeto.
— O ideal do “Greg news” é pegar os temas sérios e abordá-los com uma linguagem que faça as pessoas terem saco de assistir ao programa. Não vou botar economistas para discutir a Taxa Selic, mas o espectador precisa, de alguma forma, entender como ela afeta as vidas de bilhões de pessoas, como ela afeta a todos nós. E tenho que fazer isso, sobretudo, tendo em vista que os jovens são o nosso público principal, sempre lembrando que essas discussões não estão passando por eles — comenta Gregorio, para quem, infelizmente, nos dias de hoje “a ignorância e a desinformação parecem ser um projeto da sociedade”.
Bem mais do que apenas por suas características de programa que tem a sua base no humor e na sátira, o “Greg news com Gregorio Duvivier” não se prenderá a uma orientação jornalística clássica, como a dos noticiários de TV. Aliás, dela o apresentador tenta fugir — em especial, num de seus pressupostos mais louvados nas redações e cursos de comunicação.
— Ninguém mais acredita hoje em dia que um jornal possa ser imparcial. E o humor é parcial — defende ele, sem receios. — No “Greg show", temos uma equipe politicamente bem diversa para não corrermos o risco de ser panfletários. Somos parciais, sim, mas não vamos mentir para o público. Tudo no programa será baseado em fatos.
Entre as liberdades que Gregorio Duvivier exerce no seu talk show, está a de escolher se cada programa terá um convidado ou não — o de estreia, por exemplo, não teve.
— Talvez no segundo programa a gente leve alguém — diz. — Mas teria que ser, por exemplo, um PM a favor da legalização das drogas, alguém que vá dizer algo que não se espera ouvir. Estamos tentando fugir das celebridades.
Para quem não conseguir ficar em frente a uma TV nas noites de sexta-feira, os episódios do “Greg News com Gregorio Duvivier” estarão disponíveis — só para assinantes — na HBO GO, a plataforma digital de entretenimento.
Fonte : Jornal O Globo
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