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Batman | Filme cumpre o que propõe e apresenta um novo universo do Homem Morcego


Conheci mais afundo o universo cinematográfico do Homem-Morcego quando ia as locadoras de BH lá do meio para o final da década de 90. Sim, vi os filmes da dupla Keaton/Burton na televisão, mas sabemos que há cortes nas versões para a telinha, por isso, nada superava a versão completa nas locadoras. A partir dali, vi a dobradinha Kilmer/Schumacher e Clooney/Schumacher, depois vi maravilhado a era Bale/Nolan e me surpreende com Affleck/Snyder até que chegamos ao novo filme com a dupla Pattinson/Reeves.


Devo dizer que quando Ben Affleck deixou o projeto como protagonista, diretor e roteirista de seu filme solo do Batman dentro do DCEU por problemas pessoais (vale dizer que ele foi abraçado pelo público com sua versão do Batman) e do fracasso de Liga da Justiça (2017), fiquei triste pq havia tanto potencial na versão de Affleck. Depois de alguns anos de empurra-empurra, o projeto passou para as mãos de Matt Reeves (Planeta dos Macacos, Cloverfield) e logo eles escalaram o ator Robert Pattinson como o novo Batman e colocaram este novo filme fora do DCEU como vimos em CORINGA (2019).‎‎

Vamos a sinopse do filme ?

“Dois anos vigiando as ruas como o Batman (Robert Pattinson), causando medo nos corações dos criminosos, acabou levando Bruce Wayne às sombras da cidade de Gotham. Com apenas alguns aliados de confiança - Alfred Pennyworth (Andy Serkis) e o Tenente James Gordon (Jeffrey Wright) — entre a rede corrupta de oficiais e figuras importantes da cidade, o solitário vigilante se estabeleceu como a personificação da vingança entre os cidadãos de Gotham.

Quando um assassino tem como alvo a elite de Gotham, apresentando uma série de maquinações sádicas, uma trilha de pistas enigmáticas coloca o Maior Detetive do Mundo em uma investigação sobre o submundo, onde ele encontra personagens como Selina Kyle / também conhecida como Mulher-Gato (Zoë Kravitz), Oswald Cobblepot / aka Pinguim (Colin Farrell), Carmine Falcone (John Turturro) e Edward Nashton / também conhecido como Charada (Paul Dano). Conforme as evidências começam a chegar mais perto de casa e a escala dos planos do perpetrador se torna clara, Batman deve forjar novos relacionamentos, desmascarar o culpado e fazer justiça ao abuso de poder e à corrupção que há muito tempo assola Gotham.”


Sobre Robert Pattinson eu não tinha dúvidas, já que ele não é o mesmo ator de Crepúsculo (2008) há muito tempo, e provou isso mergulhando em filmes menores e independentes como :
Lembranças (2010), Água para Elefantes (2011), Cosmópolis (2012), The Rover - A Caçada (2014), Bom Comportamento (2017), Damsel (2018), O Farol (2019) só para ficar nesses. Tava na cara de que ele faria um grande Batman em seu segundo ano ativo como cavaleiro das trevas, seu Bruce Wayne é emocionalmente quebrado e aqui quase suicida.‎‎ Pattinson atua com um olhar triste e ao mesmo tempo cheio de ódio e sua postura curvada quando anda nas ruas como o playboy bilionário que, nessa versão, não frequenta hotéis, baladas e restaurantes caros e quase não sorri , isso o diferencia das versões anteriores do herói , Wayne usa a sua influência unicamente para a solução dos crimes. Se as críticas aos filmes de Nolan era de que seu Batman era sombrio e realista demais, Reeves simplesmente DOBRA a aposta, sua versão é ainda mais realista que a de Nolan o que, certamente, vai deixar alguns fãs malucos da cuca.


Sobre a ambientação do filme a inspiração do diretor Matt Reeves vem de filmes como: Todos os Homens do Presidente (1976) de Alan J. Pakula , Taxi Driver (1976) de Martin Scorsese , Operação França (1971) de William Friedkin , Le Samouraï (1967) de Jean-Pierre Melville , Chinatown (1974) de Roman Polanski e talvez a maior e mais escancarada referência seja 7even (1995) de David Fincher que envolve todo o filme de Reeves. E durante uma coletiva de imprensa, o próprio cineasta deixou claro quais filmes foram suas principais inspirações para sua recém-lançada versão do Cavaleiro das Trevas:

“Quanto aos filmes, a dinâmica entre o Gordon e o Batman é meio como a de Woodward e ​​Bernstein [dupla de jornalistas do Washington Post responsáveis por desvendar o esquema do Warergate]. É meio como o que vemos em Todos os Homens do PresidenteExiste essa conexão. Há também um pouco de Operação FrançaTaxi DriverEnfim, este é um neon-noir. Há vários filmes dos anos 70 que foram inspirações e que para mim são os filmes que me inspiraram a querer trabalhar com cinema”.


Podemos ver um toque de O Corvo (1994) de Alex Proyas e uma grande inspiração no filme Zodíaco (2007) também de David Fincher junto com as graphic novels Batman: O Longo Dia das Bruxas escrita por Jeph Loeb, e Batman – Ano Um escrito por Frank Miller. Reeves nos dá uma versão jovem do herói pulando a origem que todos conhecemos, muito escura e um tanto violenta onde Batman ainda não tem uma identidade clara.‎‎ Nunca vimos uma faceta tão marcante como lado detetive do herói nos cinemas quanto essa que Reeves imprime de uma forma contundente, mais do que assistir a um filme de super-herói parece um filme noir com um toque de horror onde estamos coincidentemente no mundo do Batman inspirado nos filmes acima, é simplesmente espetacular, eu só discordo quando alguns dizem que : "The Batman é o primeiro filme sobre o Batman" Gente...pera lá... Batman Begins (2005) é sobre quem ? O Alfred?

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A trilha é cativante (pra mim se iguala a de Hans Zimmer em termos de envolvimento e impacto, mas esta é uma das proposta de Michael Giacchino) e os toques de Nirvana ao longo do filme me deixaram louco, o diretor de fotografia Greig Fraser ( Duna 2021) filma Gotham com uma lente brilhante que evoca lembranças de filmes como “Casablanca” e “Chinatown” e o resultado é tão bom que a atmosfera retrata mostra como essa Gotham City seria assustadora para se viver. Mais interessante ainda é como Fraserinterpreta as sombras dos becos de Gotham, onde o Batman poderia emergir a qualquer momento. As cenas da boate estão repletas de luzes estroboscópicas vermelhas hipnotizantes para destacar efetivamente o herói passeando por ela. E o Batsinal que atravessa o horizonte de Gotham como um aviso é, ao mesmo tempo, uma obra de arte.


O elenco é muito bom, Zoe Kravitz é muito boa escolha como a nova Mulher-Gato com seus movimentos quase lembrando um balé moderno, e sua química com Pattinson explode na tela chegando a lembrar os momentos entre a Mulher-Gato de Michelle Pfeiffer e o Batman de Michael Keaton. Paul Dano nos traz uma versão psicopata do Charada criada nos fóruns de internet que não tínhamos visto antes e que é claramente inspirada no vilão John Doe de 7even (nós te amamos Jim Carrey mas, este é assustador) fazendo um contraponto de respeito ao Batman de Reeves. Colin Farrell irreconhecível e simplesmente desaparece na maquiagem do pinguim e, eu mal posso esperar para o spin off da série na HBO MAX. The Batman tem o peso de um filme noir dos anos 1940 e de suas versões dos anos 60 e 70 , o que significa que alguns de seus personagens inevitavelmente irão cair no esquecimento ao longo da trama. A versão mais jovem de Alfred Pennyworth, de Andy Serkis (Michael Caine e Michael Gough ainda são meus Alfreds favoritos ), sofre mais com esse efeito, embora o James Gordon de Jeffrey Wright e o Falcone de John Turturro também sejam lamentavelmente subdesenvolvidos.


Minha única ressalva são as 3 horas de duração. Sei que Reeves está nos apresentando um novo universo, mas poderia ter encurtado um pouco. Sentimos o ritmo arrastado da primeira hora e meia, um segundo ato quase morno e mais um longo caminho até clímax do terceiro ato. O mais importante para mim é que assim como os filmes de Nolan foram um retrato de seu tempo (há críticas a era Bush, a CIA e a era Obama), The Batman também captura o espírito dessa época. E são as interações do sociopata Charada em grupos na internet ao estilo Q-Anon que reside a maior crítica do filme. The Batman é um bom filme - os melhores para mim continuam sendo Batman (1989), Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) e o Batman em Batman V Superman (2016) - e eu nunca pensei que uma mistura de Zodíaco, Nirvana, 7even e Batman seria tão bom.


Viva Matt Reeves !!!




Batman (The Batman | EUA, 2022)
Direção: Matt Reeves
Roteiro: Matt Reeves, Peter Craig
Elenco: Robert Pattinson, Zoë Kravitz, Jeffrey Wright, Colin Farrell, Paul Dano, John Turturro, Andy Serkis, Peter Sarsgaard, Jayme Lawson, Barry Keoghan, Gil Perez-Abraham, Peter McDonald, Con O’Neill, Alex Ferns, Rupert Penry-Jones, Kosha Engler, Archie Barnes, Janine Harouni, Hana Hrzic, Joseph Walker, Luke Roberts, Oscar Novak, Stella Stocker, Sandra Dickinson, Jack Bennett
Duração: 176 minutos.

4/5 ⭐⭐⭐⭐
Walther Jr.

Walther Jr ,42, trabalhou como Ator, Produtor ,Sonoplasta ,Roteirista e Diretor de teatro e cinema. Cursou cinema na E.L.C (Escola Livre de Cinema ) e teatro na escola de atores ESPAÇO CÊNICO em BH .O blog tem o objetivo de difundir a sétima arte levando informação, cultura e entretenimento. Salve o Cinema!!!

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